terça-feira, 15 de junho de 2010
A HISTÓRIA DA KOGA-RYU - PARTE 2
22:27 |
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Warriors Magazine
Nobunaga é conhecido na história como o primeiro dos três unificadores do Japão, mas ele não foi é conhecido por sua paciência e gentileza. Naquele tempo ele estava tomando todo o Japão, incluindo as áreas em volta da capital. Ele eventualmente tomou posse da província de Omi, e com ela, Koga. A família Rokaku não demonstrou muito esforço para a expansão dos seus domínios, mas Nobunaga demonstrou grande interesse em posicionar a todos sob o seu punho. A idéia de guerreiros como os ninjas, servindo a outros senhores e possivelmente sendo usados contra ele não lhe foi muito agradável. Muitos dos ninja de Koga se submeteram a Nobunaga.
Mas ao menos um, Sugitani Zenjobu, atentou contra a vida de Nobunaga. Uma pessoa de Koga, com o nome de Takigawa convenceu Nobunaga a promover uma vendeta contra as famílias da área de Koga, Takigawa indubitavelmente se viu como líder nomeado depois da pacificação completa, mas Nobunaga foi dissuadido disso por Tokugawa Ieyasu.
Um débito que Koga iria pagar mais tarde com sua lealdade à casa de Tokugawa. Durante a batalha de Iga (Tensho Iga no ran) a carga de Nobunaga avançou do norte pegando-os através das terras de Koga. Koga correu para lutar em auxilio ao seus irmãos, ao menos alguns dos ninja de Koga o fizeram.
Alguns nomes proeminentes de Koga como Mochizuki são mencionados nos registros. Por sua interferência, muito dos de Koga foram assassinados e suas vilas queimadas ate o chão. A segunda invasão a Iga levou mais soldados que a província tinha em população naquele tempo. Estavam condenados. Muitos dos ninjas, notando a inutilidade dos esforços diante daquela situação, fugiram. Esta é conhecida como a diáspora dos ninjas de Iga. Ironicamente, isso pode ter ajudado as tradições de Iga sobreviverem.
Entre os de Iga que fugiram, alguns acharam trabalho com senhores de fora, alguns já eram empregados por senhores de fora e foram bem vindos para se tornarem membros permanentes de seus exércitos. Eles pararam de ser chamados de Iga ninja. Alguns ainda eram chamados de grupo de Iga, mas a maioria tomou o nome da área para qual eles vieram, o nome de algum ancestral ou o nome de família e adicionaram “-ryu” no final.
Esse foi o começo de muitas tradições como o ninjutsu Kishu-ryu cuja família fugiu para a província de Kii depois da invasão de Iga. Nobunaga não viveu muito depois que Iga foi destruída, em 1582 ele foi morto por um de seus vassalos. Tokugawa Ieyasu se viu em terra inimigas por ocasião do esforço para “juntar os cacos” depois da morte de Nobunaga. Ele contou com a ajuda de um de seus homens, Hattori Hanzo, de Iga, que trouxe consigo um grupo de homens compostos por ninjas de Iga e Koga e o ajudou a escapar para sua província natal, a leste.
Durante a fuga, Ieyasu inclusive se hospedou por alguns dias na casa de um dos ninjas de Koga que estavam a seu serviço. O ninja de koga então pagou o favor que lhes era devido a Ieyasu e se tornou um dos vassalos fiéis do homem que mais tarde se tornaria o cabeça do Japão. Hattori e seu ninjas de Iga também foram recompensados. Hattori se tornou general em exercício das forcas irregulares de Iga e de Koga. Por volta de 300 ninjas de Koga e Iga se tornaram vassalos permanents de Tokugawa.
E 1600, Koga serviu Ieasu na defesa do castelo Fushimi. O castelo era numa rota vital para os exércitos de Ishida Mitsunari nos eventos ligados a Sekigahara, a batalha que ajudou a posicionar Tokugawa como shogun. Infelizmente também ficava bem no meio da esfera de influência de Ishida. IeYasu esperava prejudicar o máximo possível das forças que marchavam rumo a Sekigahara num cerco ao castelo Fumishi, mas era claro a conclusão que o castelo cairia e os defensores seriam mortos.
Ieyasu ofereceu ao homem encarregado dessa missão, Torii Motatada, mais homens, que foram prontamente recusados seguindo a lógica que não importava quantos homens guardassem o castelo, o fim seria a derrota. A despeito disso, Ieyasu tinha uma grande porcentagem de guerreiros de Koga ajudando os defensores. Alguns servindo dentro do castelo, outros molestando aqueles que fizeram o cerco, do lado de fora. Por segurança, Ieyasu manteve suas famílias como reféns. Por volta de uma centena de ninjas de Koga ou mais morreram no campo de batalha o que já era um resultado antecipado desde o começo. Mas eles conseguiram enfraquecer bastante as forças inimigas e deram a Tokugawa tempo para ordenar seu contingente. Feito isso, os sobreviventes tiveram as graças mais uma vez elevadas junto a Tokugawa.
Nos cercos de inverno e de verão do castelo de Osaka, em 1615, homens de Koga e Iga serviram nos exércitos de Tokugawa. Em 1638, um grupo de dez homens de Koga foi mandado para ajudar aqueles quer faziam o cerco ao castelo de Shimabara, onde várias centenas de rebeldes e cristãos estavam organizando uma revolta. Os dois ninjas mais velhos, que tinham por volta de 60 anos, eram também veteranos de Sekigahara. Alguns tentaram dizer que a inabilidade dos Koga ao entender o dialeto local teria feito sua missão fracassar, mas não é verdade. Os Koga serviram admiravelmente. Apesar de estarem inviabilizados de se passarem por nativos e recolher informações, eles executaram alguns ataques ousados e foram elogiados por seus serviços.
O exército de Tokugawa, naquela altura já começava a mostrar a decadência que a paz geralmente traz a esse setor e o castelo de Shimabara sucumbiu à fome decorrente do cerco, ao invés de algum assalto ousado. Depois dessa última batalha, a sorte dos ninja de Koga começou a declinar. Ironicamente, o seu alto status contribuiu para a sua decadência, a medida em que eles eram promovidos para outras profissões de mais prestígio mas que pouco tinham a ver com ninjutsu.
Em Iga, o governante da província dava as boas vindas à volta de muitos ninjas que haviam fugido durante a grande batalha com Nobunaga. Ele cuidadosamente registrou e organizou-os em o que foi chamado de unidades de reserva. Eles não recebiam soldo, como os samurais, mas era esperado que servissem e aprimorassem suas habilidades de coleta de informações. Algumas vezes eles recebiam algum suplemento para o que eles cultivavam, mas a maior parte do tempo eles viviam como agricultores ou membros de outras classes não samuraicas. Isto era uma vantagem, uma vez que eles mantinham contato com as pessoas comuns as quais eles costumavam se disfarçar como.
O período Edo foi um tempo em que havia uma grande diferença entre os samurais e os não-samurais e um pequeno erro de protocolo por parte desses últimos poderia ser pago com a vida. Os ninjas de Iga ainda viviam como camponeses e podiam passar desapercebidos por isso. De acordo com os registros, eles costumavam trabalhar metade do dia em seja lá o que fosse que eles fizessem para se sustentar e treinavam na outra metade do dia. Os Koga e Iga da capital, logo ascenderam em prestigio e deixaram suas origens humildes para trás. Alguns dos de Koga foram organizados em batalhões armados. Ambos, Iga e Koga, serviram como guardas no castelo do shogun e também se juntaram as forças policiais locais. Muitos de Koga tornaram-se hatamoto (vassalos diretos do shogun). Muitos samurais serviam apenas a um daimyo que teria se aliado ao shogun, mas o hatamoto respondia apenas ao shogun. Esse foi um grande passo adiante dos Koga em relação aos ninjas de Iga, que seguiam trabalhando em suas fazendas, mas foi também um golpe violento em seus ofícios de ninja. Os hatamoto foram sub-utilizados na grande parte de sua existência e se tornaram um fonte de problemas. Alguns, não todos, se tornaram um pouco melhores que encrenqueiros que estavam protegidos por seu status. Quando o último shogun tentou organizar os hatamoto em uma unidade de infantaria ao estilo ocidental, eles empalideceram com a idéia de que isso estivesse abaixo de seu status.
Em 1716, a morte dos Koga, como ninjas, era eminente. Tokugawa Yoshimune havia se tornado shogun. Diferente dos shoguns anteriores, ele não provinha da linhagem principal. Ele vinha do ramo Kii dos Tokugawa, uma das três famílias especialmente orientada para prover herdeiros, que seria um problema para a linhagem principal. Yoshimune trouxe muitos do seu povo de Kii para manter o governo em Edo. Entre esses, estavam os ninjas do Kisho ryu. Yoshimune foi um dos mais eficientes shoguns que o Japão já viu. Ele colocou o governo de volta nos eixos econômicos e liderou esforços para tentar reviver o lado marcial dos samurai. Nesse tempo, o samurai quase que somente um título honorífico dos chamados guerreiros. Foi mais ou menos nesse tempo que Yoshimune criou o grupo “Oniwaben” de ninjas baseado nos seus ninjas Kishu e reorganizou o serviço de inteligência para mais eficientemente servir à nação, não como uma unidade de espionagem, mas como unidade de segurança interna. Essa mudança de organização foi importante e apesar de não ter começado propriamente com Yoshimune, se fortificou com ele. No período Edo o sistema Metsuke foi a principal forma com a qual Tokugawa manteve o controle e zelou pela paz.
Metsuke não era um agente secreto. Sua função era de um tipo de cruzamento entre agente do FBI com embaixador. Sua função era da mais alta importância na corte do daimyo para o qual ele foi enviado para servir. Apesar de ele não poder “se manter nas sombras” como os ninjas dos velhos tempos, ele estava sempre por perto mantendo os olhos bem abertos. Seu cargo como representante dos poderes centrais talvez tenham tornado mais difícil que ele se adequasse a qualquer disfarce, mas com certeza determinou-lhe um grau de segurança qualquer. Metsuke raramente era antagônico aos senhores para os quais ele era mandado a observar. Eles eram muito perspicazes na manutenção das boas relações com todo mundo. Um exemplo de metsuke vindo dos filmes, é o vilão do filme “Sanjuro”, de Akiro Kurosawa e estrelando Toshiro Mifune.
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